By Mónica Fernandes
Farmacêutica
A dor músculo-esquelética pode limitar o decurso das tarefas diárias. Muitas vezes, é possível remediar este tipo de dor utilizando medicamentos disponibilizados nas farmácias sem necessidade de apresentação de receita médica – os OTCs, do inglês Over The Counter. Estes medicamentos podem atuar ao nível sistémico, isto é, podem ser tomados quer por via oral (comprimidos, cápsulas, carteiras de granulado) ou parentérica (injeções) mas a aplicação tópica (ou seja, na pele) e local (na região onde a dor é sentida) é geralmente uma abordagem eficaz e com menos efeitos adversos e interações medicamentosas pois, neste caso, salvo raras exceções, não se coloca o problema de interações com outros medicamentos que a pessoa possa tomar regularmente.
Tratamento tópico da dor
Existem várias substâncias ativas disponíveis em diversas formas farmacêuticas para tratar a dor músculo-esquelética e a sua utilização deverá depender de:
→ a causa que está na origem da dor (por exemplo, entorse ou exercício físico excessivo);
→ a suscetibilidade individual em reagir a determinadas substâncias, sejam elas as próprias substâncias ativas, incluindo reações cruzadas com salicilatos como, por exemplo a aspirina® ou excipientes; por exemplo, há pessoas que não suportam a aplicação de emplastros ou pensos para absorção através da pele que promovem o aquecimento do músculo por conterem uma substância extraída da pimenta que é potencialmente irritante, a capsaícina, e outras não usam os emplastros pois a pele fica irritada devido à cola ou algum conservante);
→ a preferência da pessoa.
As substâncias ativas utilizadas incluem substâncias com efeitos analgésicos como por exemplo:
→ Substâncias que promovem a sensação de frio, como a cânfora e o mentol e outras que dão a sensação de calor como a capsaícina.
→ Anti-inflamatórios, principalmente os anti-inflamatórios não esteroides, conhecidos como AINE, como o salicilato de metilo, o diclofenac, o ibuprofeno, o picetoprofeno ou o naproxeno que geralmente inibem a síntese e a libertação das moléculas envolvidas na inflamação através da inibição reversível da enzima ciclo-oxigenase (COX).
Baseando-se em vários estudos, há quem defenda que os anti-inflamatórios só devem ser utilizados em lesões após trauma ou doença inflamatória crónica e não após um esforço muscular excessivo ou não frequente seguido de dor pois a inflamação deverá ter aqui um caráter benéfico na recuperação muscular. Neste caso, é recomendada a preparação para o treino com uma massagem utilizando um gel de aquecimento. Também é recomendada uma massagem relaxante após o treino recorrendo, por exemplo, a um gel com efeito refrescante/frio.
Estes medicamentos tópicos devem ser aplicados na área afetada, com dor ou inchaço, massajando suavemente. Para além de ajudar à absorção do medicamento através da pele, a massagem ajuda a relaxar os músculos pois aumenta a irrigação sanguínea, a estimulação dos nervos pela pressão e o aquecimento, levando a uma redução na sensação de dor.
Formas de aplicação
As substâncias ativas que compõem estes medicamentos existem em misturas simples, contendo uma substância ativa e excipientes, ou mais complexas, contendo várias substâncias ativas e excipientes e em diversas formas farmacêuticas. Neste último caso, importa distinguir as vantagens de usar cada forma de preparação, para potenciar o efeito do princípio ativo. Assim:
→ A pomada permanece mais tempo na região a tratar, mas a textura é mais gordurosa;
→ O gel, ideal para zonas pilosas pois é fácil de espalhar e não é gorduroso;
→ Creme, ideal quando se pretende administrar substâncias solúveis em gorduras e em água simultaneamente, permite ainda controlar a capacidade de permanência na pele (se o creme é mais gorduroso - maior permanência na pele mas mais desagradável);
→ Loção que é fácil de espalhar e ajuda à massagem;
→ Spray, de fácil aplicação, incluindo áreas de difícil acesso e que não exige massagem; e finalmente,
→ O emplastro que é um penso que se cola na região onde há dor (só se não houver feridas), cuja substância ativa é absorvida de forma contínua por permanência no local.
Estas preparações tópicas podem ser utilizadas em caso de dor ligeira a moderada, sem sinais de gravidade, e devem ser iniciadas após ser consultado com o seu médico ou farmacêutico. Se a dor permanecer/agravar, o médico deve ser consultado. Outras situações nas quais a pessoa com dor deve recorrer a consulta médica incluem, queda de pessoas idosas (maior suscetibilidade a fraturas), o caso das entorses no qual se deve verificar a possibilidade de lesão articular grave, quando há suspeita de fratura, dor intensa ou, como já referido, dor que não melhora mesmo após iniciar o tratamento tópico.
Aconselhe-se com o seu médico e farmacêutico
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