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Osteoporose prevenção e terapêutica - Parte II

By Sílvia Fernandes

Médica Reumatologista

 

A massa óssea aumenta progressivamente durante a infância e a adolescência e atinge o seu pico na idade adulta, entre os 18 e os 25 anos. Posteriormente, inicia-se um processo fisiológico de perda progressiva de osso ao longo dos anos, influenciada por fatores genéticos, mas também pela nutrição, atividade física, status endocrinológico, outras doenças e fármacos tomados.

O risco de fratura aumenta com a idade e, a partir dos 50 anos, estima-se que o risco de fratura osteoporótica seja de 1 em cada 2 mulheres e 1 em cada 5 homens. Assim, após ter sido atingido o pico de massa óssea, a velocidade de reabsorção (destruição) pode exceder a formação do osso e consequentemente resultar em osteoporose. As fraturas osteoporóticas mais frequentes são as da anca, punho e vértebras.

O que posso fazer para prevenir/tratar a Osteoporose?

Medidas não farmacológicas

Um dos mecanismos de prevenção da osteoporose é através do aumento do ganho de osso durante a infância e a adolescência e consequentemente aumento do pico de massa óssea que o individuo está geneticamente predisposto a atingir. Estas medidas são importantes uma vez que podem atrasar em 13 anos o estabelecimento de OP a cada aumento de 10% do pico de massa óssea. Outra forma de prevenir a osteoporose é através da prevenção da perda de osso associada à idade.

Das mudanças no estilo de vida que podem contribuir para redução da perda e/ou ganho de massa óssea, assim como para a redução das fraturas, destacam-se:

Atividade física:

As recomendações de exercício para otimização da massa óssea variam de acordo com a idade. Estas incluem:

- Treino de resistência progressiva e/ou treino de força de intensidade moderada a elevada; os participantes exercitam os seus músculos contra um meio mecânico (peso livre, banda elástica, por exemplo) cuja carga é progressivamente aumentada conforme a força do participante aumenta;

- Exercícios com impacto como dançar, correr ou saltar à corda;

- Treinos de equilíbrio, incluindo modalidades como tai chi, pilates ou yoga;

- Atividade aeróbica moderada a vigorosa, como caminhada, ciclismo ou corrida.

Deve sempre falar com o seu médico assistente para ajustar o exercício físico à gravidade da sua osteoporose e do seu restante historial clínico.

Atingir um índice de massa corporal superior a >19 Kg/m2.

Manter um consumo de proteínas adequado às necessidades.

Manter um consumo de cálcio de 1000-1200mg/dia, preferencialmente através da alimentação.

Manter os valores de vitamina D no sangue - 30–50 ng/mL adequados, através da dieta ou da exposição solar.

Evitar o consumo excessivo de café (mais do que 4 cafés por dia).


Não Fumar.

Limitar o consumo de bebidas alcoólicas a um máximo de 2 unidades por dia (por exemplo, um copo de vinho de 175 ml equivale a 2,1 unidades).

Avaliar o risco de queda em doentes com mais de 75 anos.


Deve sempre falar com o seu médico assistente para ajustar as medidas referidas ao seu historial clínico.

Medidas farmacológicas

O objetivo principal da intervenção farmacológica é a prevenção de fraturas. O tratamento da osteoporose varia de acordo com as características do doente, logo é sempre personalizado pelo médico. Existem vários medicamentos, com eficácia comprovada, e com bons perfis de segurança.

Para melhor compreensão do efeito dos fármacos na osteoporose, é importante o conhecimento do conceito de remodelação óssea, que consiste num processo constante de remoção do osso antigo e formação de novo tecido ósseo, o que permite a reparação de microlesões e a homeostasia fosfocálcica. Este processo, é orientado por 3 tipos de células principais: Os osteoclastos, que destroem o osso, os osteoblastos que participam na formação de novo osso e os osteócitos que detetam o tecido ósseo que deve ser remodelado.

Os fármacos que atuam ao nível deste processo podem ser classificados em 2 categorias:

Os agentes que impedem a reabsorção/destruição do osso por parte do osteoclasto. Os bifosfonatos (ácido alendrónico, ácido ibandrónico, ácido zoledrónico) são os mais utilizados e podem reduzir em cerca de 50% o risco de fratura da anca e até 70% o risco de fraturas vertebrais; neste grupo, também estão incluídos o denosumab, estrogénios, raloxifeno e a calcitonina.


Os agentes anabólicos, que estimulam o osteoblasto a construir o osso: temos como exemplo a teriparatida.

Não existe um limite de tempo para fazer este tipo de tratamento. É pela avaliação do risco de fratura óssea realizada pelo seu médico que terá a indicação para manter, alterar ou mesmo suspender por alguns períodos os medicamentos.

Assim,

é essencial prevenir o desenvolvimento da OP,

diagnosticar atempadamente (antes da fratura)

e tratar para reduzir o risco de fratura.

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